Tardes de Outono

...Eu estava caindo, num imenso buraco, não se ouvia nada além dos ruídos do que um dia foram meus pensamentos, caia e caia, cada vez mais fundo e os objetos voavam ao meu redor, eu ria, chorava, falava comigo mesma e me sentia bem na solidão daquele abismo, mas ao mesmo tempo desejei alguém ali por perto pra conversar, se ao menos aquele coelho, aquele coelho fujão estivesse ali para falar comigo, mesmo que fosse sobre como o tempo andara rápido ultimamente, ou de como eu era atrapalhada em tudo.E a queda não tinha fim, ouvia-se sussurros: " quem é aquela garota?", "quem ela pensa que é?", "não vê que está perdida? Precisa de salvação". Eu caia  na solidão do abismo do meu coração, fundo e negro como meus pensamentos que refletiam a vida seca que levo, sem verdadeiros sorrisos,sem verdadeiros afetos, um núcleo de duvidas. Se ao menos eu soubesse onde aquela queda iria dar eu não me importaria em estar ali, eu cairia traquilamente, afinal ali era bem mais confortavél, bem mais seguro, mesmo que sózinha, eu me sentia feliz, por estar perdida em meus pensamentos, em meus sonhos, eramos eu e minhas confusões. Toco o chão bruscamente, abro os olhos o dispertador toca as 6:30 da manhã:"óh céus , olha a hora, estou atrasada, extremamente atrasada !" . Sorri e sussurrei a mim mesma: " Pareço até um coelho amigo meu falando" . Levantei e continuei meu dia naquele universo cinza, contando os segundos para chegar a noite e eu poder voltar para wonderland.